Apetece-me estabelecer como postulado:
A poesia desloca-se de um ponto ao outro no plano espacial sem direcção temporal.
(a velocidade deste deslocamento será infinita, já que a velocidade inclui um deslocamento pelo intervalo de tempo - que na poesia é zero)
Feito um postulado, vou escrever à poesia.
Olha, porque não me ensinas
onde se pousam momentos?
Sem tempo e com tal tamanho
como paro os movimentos?
Onde se aportam as asas?
Como vou prender os ventos?
7 comments:
Acho que a maneira de prender o vento é voar com ele. Assim, vai parecer que está parado, ao nosso lado. Não é?
Poderia responder com "poesia" .
Voar sem pousar dentro do céu, tecer imortalidade com fios de palavras; prisão da vida, prisão perpétua.
Ou com "ciência".
Taquião, partícula hipotética que se desloca a uma velocidade superior à da luz. ( li isto na wikipédia) E mais: o intervalo espacial - " Acontecimentos ao longo um intervalo espacial não podem influenciar-se um ao outro transmitindo luz ou matéria, e podem aparecer como simultâneos a um observador num sistema de referência adequado. Para observadores em diferentes sistemas de referência, o acontecimento A pode parecer anterior a B ou vice-versa."
Mas são proposições, mentirosas, como o paradoxo "do Tiago".
E tento aprender. Li Russell, Wittgenstein, Poincaré, Gasking, Frege, Carnap. Platonismo, formalismo, logicismo, nominalismo e alguns outros ...ismos.
Acredito no que dizes. E sabes porquê? Porque tem beleza. (E ali em cima a prisão perpétua não tem beleza nenhuma, aproxima-se mais de um inferno)
Há quem diga:
"Apenas se pode encontrar a verdade com a lógica se já se encontrou a verdade sem ela.
G. K. CHESTERTON (1874-1936)
Que bonito... (suspiro)
e, para que interessaria a velocidade, quando a poesia é intemporal?...
lindo... mas não poderás nunca prender os ventos, a não ser que eles se queiram deixar prender por ti!
A velocidade sem tempo não tem expressão, a não ser talvez, a poética. Para que interessaria a velocidade? A imagem é semelhante aos "ventos uivantes" soltos pelos homens de Ulisses. Curiosos, espreitaram o odre dado por Éolo e libertaram todos os ventos. Abrir o odre; espreitar a poesia.
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