Saturday, April 07, 2007

Nunca tinha mexido nas palavras. Até então usava-as papagueando. Utilizava frases como quem compra móveis no Ikea.

“O problema é que temos de encontrar as palavras primas, em sentido matemático; as que só são divisíveis por si mesmas e pela unidade e trabalhar com elas. Estou a ser claro?
- Não muito, o que seria uma palavra prima?
- As palavras essenciais. ”
À Maria Luisa Blanco, conversando com o Lobo Antunes, bem lhe poderia ter ocorrido uma outra pergunta que não – ‘o que seria uma palavra prima? ’- mas sim – qual é a unidade que permite trabalhar com as palavras?

Usava as palavras como quem ouve mas tem um fim.
O meu pai disse-me: - Acredita, não há mais nada. Eu que vim até aqui digo-te, não há mais nada.
Há qualquer coisa em nós de palavra, de incontável. Culpo-as de muito.

Monday, April 02, 2007





Passou também o dia do pai. Não entendia o significado dos dias separados dos outros.
O meu não teve significante.

Sunday, April 01, 2007

Tanta primavera, com as linhas beliscadas não há horizonte a direito, as formas estão descoladas, espirradas nos intervalos das cores. Bach. Criou espaços expandiu o som. Como o pássaro que vi ontem na ria. Vi-os; era um, mas voou em direcções diferentes. Dele se diz - excepcional inteligência aliada a uma notável capacidade de trabalho. Também digo - Inteligência analítica enleada numa capacidade de invenção prodigiosa. Equilíbrio entre colunas de pensamento racional, vitrais de imaginação; coordenadas de abóbada celeste.