Wednesday, July 23, 2008

(...)
"ou seja, gato vivo mais gato morto juntamente com a pessoa com a percepção do gato vivo mais a pessoa com a percepção do gato morto, mais gato vivo menos gato morto juntamente com a pessoa que tem a percepção do gato vivo menos a pessoa com a percepção do gato morto. É apenas um pouco de álgebra."

O grande, o pequeno e a mente humana. Roger Penrose. Gradiva

Monday, July 07, 2008


Não é só o balcão do Salão Nobre do Conservatório que está a cair. Por cima desta clarabóia, no corredor em frente à sala 231, caiu uma "não acaba a primavera". Acudam ao verão, façamos uma petição. Eu sei, com coisas assim não se brinca. Mas não pude deixar de reparar (e tirar a fotografia com o telemóvel)


Thursday, July 03, 2008

"Poética da música"

"A obra de Wagner corresponde a uma tendência que não é, por assim dizer, uma desordem, mas uma tendência que tenta compensar uma falta de ordem. O princípio da melodia infinita ilustra perfeitamente esta tendência. É a conveniência perpétua duma música que nunca teve mais razões para principiar do que para acabar. A melodia eterna surge-nos assim como um insulto à dignidade e à própria função da melodia, que, como dissemos, é a intonação musical duma frase cadenciada.
Sob a influência de Wagner, as leis que defendem a vida do canto foram violadas e a música perdeu o seu sorriso melódico.
Pág 85(.)

Resumindo: O que é importante para a ordenação lúcida do trabalho - para a sua cristalização - é que todos os elementos dionisíacos que põem a imaginação de um artista em movimento e fazem revigorar a seiva da vida têm de ser devidamente dominados antes que nos intoxiquem, e devem, finalmente ser feitos para se submeterem à lei: Apolo exige-o.
Pág.108(..)

Parece que a unidade que procuramos é forjada sem o sabermos e estabelece-se dentro dos limites que impomos sobre o nosso trabalho. Quanto a mim, se a minha própria tendência me leva a procurar a sensação em toda a sua frescura, rejeitando o entusiasmo, o lugar-comum - o ilusório, numa palavra -, estou, no entanto, convencido de que variando constantemente a procura se acaba apenas em fútil curiosidade. É por isso que acho inútil e perigoso aperfeiçoar em demasia as técnicas da descoberta.
Uma curiosidade que é atraída por todas as coisas revela um desejo pela tranquilidade na multiplicidade. Ora este desejo nunca pode encontrar uma verdadeira nutrição na variedade interminável.
Ao desenvolvê-la, adquirimos apenas uma falsa fome, uma falsa sede: são de facto falsas porque nada as pode saciar. Quanto mais natural e mais saudável é lutar para uma realidade única, limitada, do que para uma divisão interminável."
Pág.184(...)

Poética da música. Igor Stravinsky. Publicações Dom Quixote.