Saturday, December 31, 2011
Os retrocessos são sempre tão rápidos e os avanços aparentemente sólidos, tão lentos.
Outro ano; acho que nunca fiz um desenho mental de desejos com data de início. Mas para este ano quero fazê-lo:que nos mantenhamos cientes que direitos fundamentais como a educação, a saúde ou o trabalho, estão em risco, estão riscados, rasurados. Desejo que lutemos para que a falta de meios financeiros não permita que se apaguem as cláusulas dos direitos de todos nós. Protejamo-nos, inventemos, tornemo-nos criativos encontrando soluções que não permitam emendas. Bom Ano
Sunday, December 25, 2011
Thursday, December 15, 2011
Já eu... Ando cansada de trabalho: dez horas diárias, quinze ou dezasseis se necessário; seis dias por semana. Por conta de outrem. É como agir entre vírgulas dobradas.
Contaram-me hoje, conversa de ocasião, que num call center, um empregado que normalmente superava os objectivos a que se propunha, desceu a produtividade abruptamente passando a estar abaixo linha. Ora, e o que lhe aconteceu? Foi obrigado a usar um colete que dizia atrás "eu não consigo".
Confesso, fico sem saber o que dizer. Será real esta história? Há quantos anos deixámos as orelhas de burro? Desdobramo-nos em cuidados na infância para uns dias mais tarde, anos passados, recorrer a este método? Isto é permitido? Não há regulação?
Contaram-me hoje, conversa de ocasião, que num call center, um empregado que normalmente superava os objectivos a que se propunha, desceu a produtividade abruptamente passando a estar abaixo linha. Ora, e o que lhe aconteceu? Foi obrigado a usar um colete que dizia atrás "eu não consigo".
Confesso, fico sem saber o que dizer. Será real esta história? Há quantos anos deixámos as orelhas de burro? Desdobramo-nos em cuidados na infância para uns dias mais tarde, anos passados, recorrer a este método? Isto é permitido? Não há regulação?
Sunday, December 04, 2011
« Hoje não me contenho e encho-me de orgulho de trabalhar onde trabalho. Termos acreditado, termos tido o discernimento de voltar as buscas mais a Norte e ver que seis pessoas foram salvas assim, fez-nos a todos no MRCC sentir uma felicidade justa.»
Ricardo Guerreiro
Também não me contenho. Parabéns à equipa! Enche-me de orgulho - o mano :)
Tuesday, November 22, 2011
Tuesday, November 15, 2011
Thursday, October 27, 2011
At a Solemn Musick
Let the musicians begin,
Let every instrument awaken and instruct us
In love’s willing river and love’s dear discipline:
We wait, silent, in consent and in the penance
Of patience, awaiting the serene exaltation
Which is the liberation and conclusion of expiation.
Now may the chief musician say:
“Lust and emulation have dwelt amoung us
Like barbarous kings: have conquered us:
Have inhabited our hearts: devoured and ravished
—With the savage greed and avarice of fire—
The substance of pity and compassion.”
Now may all the players play:
“The river of the morning, the morning of the river
Flow out of the splendor of the tenderness of surrender.”
Now may the chief musician say:
“Nothing is more important than summer.”
And now the entire choir shall chant:
“How often the astonished heart,
Beholding the laurel,
Remembers the dead,
And the enchanted absolute,
Snow’s kingdom, sleep’s dominion.”
Then shall the chief musician declare:
“The phoenix is the meaning of the fruit,
Until the dream is knowledge and knowledge is a dream.”
And then, once again, the entire choir shall cry, in passionate unity,
Singing and celebrating love and love’s victory,
Ascending and descending the heights of assent, climbing and chanting triumphantly:
Before the morning was, you were:
Before the snow shone,
And the light sang, and the stone,
Abiding, rode the fullness or endured the emptiness,
You were: you were alone.
Delmore Schwartz
Let the musicians begin,
Let every instrument awaken and instruct us
In love’s willing river and love’s dear discipline:
We wait, silent, in consent and in the penance
Of patience, awaiting the serene exaltation
Which is the liberation and conclusion of expiation.
Now may the chief musician say:
“Lust and emulation have dwelt amoung us
Like barbarous kings: have conquered us:
Have inhabited our hearts: devoured and ravished
—With the savage greed and avarice of fire—
The substance of pity and compassion.”
Now may all the players play:
“The river of the morning, the morning of the river
Flow out of the splendor of the tenderness of surrender.”
Now may the chief musician say:
“Nothing is more important than summer.”
And now the entire choir shall chant:
“How often the astonished heart,
Beholding the laurel,
Remembers the dead,
And the enchanted absolute,
Snow’s kingdom, sleep’s dominion.”
Then shall the chief musician declare:
“The phoenix is the meaning of the fruit,
Until the dream is knowledge and knowledge is a dream.”
And then, once again, the entire choir shall cry, in passionate unity,
Singing and celebrating love and love’s victory,
Ascending and descending the heights of assent, climbing and chanting triumphantly:
Before the morning was, you were:
Before the snow shone,
And the light sang, and the stone,
Abiding, rode the fullness or endured the emptiness,
You were: you were alone.
Delmore Schwartz
Friday, August 26, 2011
Wednesday, August 24, 2011
Wednesday, July 20, 2011
Tuesday, May 31, 2011
Saturday, May 14, 2011
Arte poética
Vai, poema, procura
a voz literal
que desocultamente fala
sob tanta literatura.
Se a escutares, porém, tapa os ouvidos,
porque pela primeira vez estás sozinho.
Regressa então, se puderes, pelo caminho
das interpretações e dos sentidos.
Mas não olhes para trás, não olhes para
trás,
ou jamais te perderás;
e teu canto, insensato, será feito
só de melancolia e de despeito.
E de discórdia. E todavia
sob tanto passado insepulto
o que encontraste senão tumulto,
senão de novo ressentimento e ironia?
Manuel António Pina
Vai, poema, procura
a voz literal
que desocultamente fala
sob tanta literatura.
Se a escutares, porém, tapa os ouvidos,
porque pela primeira vez estás sozinho.
Regressa então, se puderes, pelo caminho
das interpretações e dos sentidos.
Mas não olhes para trás, não olhes para
trás,
ou jamais te perderás;
e teu canto, insensato, será feito
só de melancolia e de despeito.
E de discórdia. E todavia
sob tanto passado insepulto
o que encontraste senão tumulto,
senão de novo ressentimento e ironia?
Manuel António Pina
Published with Blogger-droid v1.6.8
Friday, May 06, 2011
Sunday, May 01, 2011
1º de Maio 1974
O dia era claro.
Andámos muito; encarrapitaram-me no meio das bandeiras, tento lembrar-me aos ombros de quem, mas não chego lá; naquele tapete de vozes.
Lembro-me da Florinda, que trabalhava na casa da costura e desmaiou pelo caminho.
Sentámo-nos na relva e alguém trouxe água; o dia claro queimava. Disseram-me - é do calor. Achei que não, que era daquele enorme tecido.
É tudo o que retenho, não dei pelo escurecer, devo ter adormecido
O dia era claro.
Andámos muito; encarrapitaram-me no meio das bandeiras, tento lembrar-me aos ombros de quem, mas não chego lá; naquele tapete de vozes.
Lembro-me da Florinda, que trabalhava na casa da costura e desmaiou pelo caminho.
Sentámo-nos na relva e alguém trouxe água; o dia claro queimava. Disseram-me - é do calor. Achei que não, que era daquele enorme tecido.
É tudo o que retenho, não dei pelo escurecer, devo ter adormecido
Wednesday, April 20, 2011
"Em cascabulhos incrustados nas bermas
do caminho azul, brancos papos de
gaivotas exibem-se aristocraticamente
como fiadas de pérolas nascidas à
borda de água (...)
Móóó!! Olhem lá para a frente!!
A uma centena de metros da bóia-da-
volta, quando uma liça luzidia saltava na
frente da popa, rodámos a cara e
emudecemos: era um clarão de fogo vivo
(...)
Emoção passada e tínhamos à proa um
mar lilás com as pardacentas nuvens que
vagueavam no céu.
Avental de amarelo oleado, remos nos
toledos, um «ilho», emboinada à vasco,
ala um tresmalho pairando em poeira
carminizada (…)
No canal, cabeços de morraça
substituíram, agora, por violáceo, o verde
envelhecido, onde, brancas bocas abertas,
as «cava-terras» ziguezagueiam
sumindo-se pela toca das lamas.
Encadeando, o sol leva-nos a olhar às duas
bateirinhas negras perdidas no
Mar Santo. Tão iguais que diríamos
gémeas.
Numa mudança ociosa, pintalgados nestas
aguarelas, carmins cintilantes
espraiam-se no céu numa convergência
para um rasto fluorescente. Mais umas
remadas e surgem elipses prateadas
enrugando-se com o sopro do vento.
Começou a cair um anoitecer a pejar-se de
estrelas (...)"
(Sem férias nem
fins-de-semana há mais de um ano)
do caminho azul, brancos papos de
gaivotas exibem-se aristocraticamente
como fiadas de pérolas nascidas à
borda de água (...)
Móóó!! Olhem lá para a frente!!
A uma centena de metros da bóia-da-
volta, quando uma liça luzidia saltava na
frente da popa, rodámos a cara e
emudecemos: era um clarão de fogo vivo
(...)
Emoção passada e tínhamos à proa um
mar lilás com as pardacentas nuvens que
vagueavam no céu.
Avental de amarelo oleado, remos nos
toledos, um «ilho», emboinada à vasco,
ala um tresmalho pairando em poeira
carminizada (…)
No canal, cabeços de morraça
substituíram, agora, por violáceo, o verde
envelhecido, onde, brancas bocas abertas,
as «cava-terras» ziguezagueiam
sumindo-se pela toca das lamas.
Encadeando, o sol leva-nos a olhar às duas
bateirinhas negras perdidas no
Mar Santo. Tão iguais que diríamos
gémeas.
Numa mudança ociosa, pintalgados nestas
aguarelas, carmins cintilantes
espraiam-se no céu numa convergência
para um rasto fluorescente. Mais umas
remadas e surgem elipses prateadas
enrugando-se com o sopro do vento.
Começou a cair um anoitecer a pejar-se de
estrelas (...)"
(Sem férias nem
fins-de-semana há mais de um ano)
Published with Blogger-droid v1.6.8
Subscribe to:
Posts (Atom)