Friday, June 27, 2008

Gosto de ir para a praia de barco, como se vivesse no mar. Mas não; vai-se de um cais ao outro. O de Olhão, hoje, cheirava a viveiros e a vento baixo das salinas, a ferro naufragado e a ponte para o mar. Um braço do atlântico com têmpera mediterrânea.
Estou há uns dias aqui, ainda não está muita gente. As ilhas estão cheias de areia sem sombras.
A Deserta, o Farol e os Hangares, a Culatra ou a Armona; todas elas têm a ria no cais e o mar nas traseiras. À noite estão repletas de estrelas, passear no pontão da Ilha do Farol por cima do Oceano é como caminhar na via lenta da História, na via rápida da luz.

Friday, June 20, 2008

Pus-me a olhar para o arquivo do blogue, e primeiro que mais 2005, isso foi em dois mil e cinco, há três anos.
(22), (30), (18), (4) entradas registadas nestes anos.

Reformular-me, achei que era isso que faria, escrevendo. Que tinha ideias arrumadas sem ter retido o percurso, que tinha preguiça mental, escrever ajudaria.
Totó, escrever ajudaria.
Que agora tenho ideias desarrumadas, percursos retidos, mas vários para a mesma ideia, desvios desvario mental; imaginação fixa.

Não, não é um discurso de "porque é que eu tenho um blogue?", é - porque tenho um blogue com tão poucas entradas? Escrevi menos para menos ao longo do tempo.
Mas fiz um curso de escrita criativa! Não me saí muito bem, fui a pior, para ser mais correcta. Aquilo era expressão plástica escrita; escreve sem erres, reconta sem és, utiliza cem palavras. A três palavras dadas, acrescenta cinco tuas, e mais três dadas, e mais cinco, dez, vá lá, dez tuas para acabar. Que tenha sentido, a história. Chiça, e isto com limite de tempo. Hei-de lá voltar.

Friday, June 13, 2008

A espantosa realidade das cousas
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada cousa é o que é,
E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra,
E quanto isso me basta.

Basta existir para se ser completo.

Tenho escrito bastantes poemas.
Hei de escrever muitos mais. naturalmente.

Cada poema meu diz isto,
E todos os meus poemas são diferentes,
Porque cada cousa que há é uma maneira de dizer isto.

Às vezes ponho-me a olhar para uma pedra.
Não me ponho a pensar se ela sente.
Não me perco a chamar-lhe minha irmã.
Mas gosto dela por ela ser uma pedra,
Gosto dela porque ela não sente nada.
Gosto dela porque ela não tem parentesco nenhum comigo.

Outras vezes oiço passar o vento,
E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido.