Monday, October 27, 2008

Há mil segredos,
A murmurar...
E altas canções,
Vindas no fresco Zéfiro do mar....

in Senhora da Noite, Teixeira de Pascoaes


À Chloris (Reynaldo Hahn)





Descobri-a há uns meses, aqui, através da blogosfera.
Aos meus ouvidos, é extraordinariamente bela. Sendo imitação ou homenagem ao período barroco, não deixa de ser um surpreendente fresco.



Friday, October 24, 2008

Parece mais fácil animare em deus e desanimar nos homens, já que tantas vezes a sua plasticidade mimética os transforma em seguidores de consciência alheia. Que difícil, é acreditar nos homens, que importante é fazê-lo. Deus não precisa.
Animo-me com este cinema desenhado pelas linhas das danças eslavas, a nº7, op.46, de Dvorak. De Bruno Bozzetto, uma caricatura do comportamento humano - a galinha da vizinha não será melhor que a minha - seguidismo ma non troppo.

Friday, October 17, 2008




Não há quem não saiba que não é uma soma de grandezas físicas, mesmo que estas se pudessem medir com exactidão.
Que não é porção misturada, que não é replicação transcrição e tradução de informação, que não é banco de dados de experiências dentro de conhecimento a priori.
Não há ser que não saiba que não sabe o que é.
O que é o homem da mão e da voz.

Wednesday, October 15, 2008

30 anos

Le Bon Dieu

Toi
Toi si tu étais le Bon Dieu
Tu ferais valser les vieux
Aux étoiles
Toi
Toi si tu étais le Bon Dieu
Tu allumerais des bals
Pour les gueux

Toi
Toi si tu étais le Bon Dieu
Tu ne serais pas économe
De ciel bleu
Mais
Tu n'es pas le Bon Dieu
Toi tu es beaucoup mieux
Tu es un homme

Tu es un homme
Tu es un homme.


Sunday, October 12, 2008

Não sei se por ser Domingo, se por ter acordado hoje com tanta chuva, se por se porque, apeteceu-me pôr aqui esta espécie de mantra.


Discover Gavin Bryars!


Ouvi isto uma primeira vez à entrada do Cabo da Roca, “Donde a Terra se acaba e o mar começa”. Assim, com aquela imensidão de mar muito maior que a orquestra, e por isso, com esta voz muitíssimo mais só.
Em casa, depois, pude perceber que se tratava de uma gravação recolhida à voz de um sem abrigo numa das ruas de Londres.

Parece o outro lado da história da menina dos fósforos. Cada mantra, cada frase repetida, é como um fósforo que a menina acende.
O velho sem abrigo também morreu na rua, sem ter chegado a ouvir a gravação e a remistura.

Friday, October 10, 2008

Estive anteontem no Teatro da Comuna a assistir à 'reestréia' da peça "Em Chamas", escrita por Charlotte Jones.

O texto entretece urdiduras poéticas verticais, a teia da tela, com o fio da trama em linhas de riso de bergson - “anestesia momentânea do coração”.
As frases sucedem-se com picos de grave ao agudo, sem respiração. Oscilam com a palavra e o palavrão, com a introspecção e a insignificância mordente. Agilidade é o que se pede aos actores. Na minha opinião conseguiram dizê-las sem que se ouvissem as mudanças de registo. Cabia aos espectadores escolher um registo, ou, o que me parece que foi conseguido, ouvir em estereofonia. Escrita ágil, sim, foi o que me pareceu. Quanto à grande forma, não me pareceu tão bem conseguida, muito mais frágil. As ligações entre épocas e personagens pouco consistentes, uma espécie de truque de dramaturgia, truque e não magia.
A tonalidade lembrou-me a da casa de Bernarda Alba, a dominante, o filme Agnes de Deus.

Informações aqui

Sunday, October 05, 2008

Nasceu-me mais uma sobrinha. É um ramo de algodão folheada a nácar.

Ponho aqui a voz do padrinho. Dizem que um alentejano nunca canta só, não imaginariam que viesse a cantar fado.


Discover Antonio Zambujo!


Bem-vinda menina rama, que fortaleças com madrepérola

Wednesday, October 01, 2008