Thursday, November 22, 2007

Complicação da varicela. Foi isso, ao quinto dia complicou-se, começou a vomitar e a não conseguir levantar a cabeça; só estava bem deitada, com a cabeça na horizontal, sem almofada. Esteve a soro, e dizia o médico que seria uma virose, uma vulgar gastroenterite. Voltou para casa já com a marcha alterada, descoordenada, levantando as pernas mais que o normal, pisando o chão mais alto. Dormiu sem parar, e de manhã chorou: - eu não consigo andar. Caiu, ao querer ir à casa de banho. Eu estava ali ao lado e gritei.
Passou, felizmente, passou. Ficou sem sequelas, mas foram muitos dias a olhar e esperar. Ela não olhava, fotofobia, ataxia, vómitos e cefaleias. Vinte e dois dias sem comer, e nesta complicação não se melhora gradualmente; se há um dia em que vomita menos, em troca não abre os olhos, ou dói mais a cabeça. Tantas vertigens; acordava a cair, a sonhar que caía. Nunca perdeu a consciência, sabia quantos dias tinham passado, o nome dos médicos e enfermeiros, e perguntou se ia morrer. Disse-lhe que não. Que ia passar, eu sabia; soube quando piorou e soube quando começou a melhorar, apesar de exteriormente nada o revelar.
Agradeço ao neuropediatra José Carlos, nada fez, nada havia a fazer, mas esteve sempre presente.
Agradeço a toda a equipa de pediatria do São Francisco Xavier, e à de Cascais. Foram extraordinários, são todos os dias, extraordinários.
Aconteceu-me não acreditar que já passara. Disseram-me os médicos, que vulgarmente a meningoencefalite originada pelo vírus da varicela desaparece no prazo de seis a oito dias. Passaram vinte e dois, a minha filha também os contava, e acho que por isso, tentei pará-los. Só agora, que ela fez anos, que já engordou oito quilos, que continua esperta como ela é, corre salta e trepa, só agora acredito.



A peça que escrevi vai ser encenada. Para a semana terei a confirmação, mas é quase certo. Na altura não especifiquei porque me pediram segredo; que há muito quem queira roubar ideias. Acho graça, dá um trabalhão escrever ideias. Quando tiver a confirmação, pespego aqui a sinopse.

4 comments:

J. said...

Que grande susto. Ainda bem que ficou tudo bem =)

dulcehelenaguerreiro said...

Pois foi Primpim, foi um susto tão grande que não encontro nenhuma palavra para descrever o medo irracional que senti. Aconteceu um mês depois de ter morrido o meu pai e a minha prima, estava a morte tão presente.
Ela ficou bem; está até mais extrovertida e segura. Ainda terá mais um exame neurológico a fazer, para se certificarem que na parte cognitiva está tudo bem; mas eu sei que está.

Obrigada pelas tuas palavras

Catarina said...

Oh mãe, nem sabes o quanto te adoro! Já passaram 4 anos e ainda me lembro de algumas coisas como se fosse ontem... já estou bem! Não precisas de te preocupar mais! Obrigada por tudo.
Beijinhos da tua filha mais nova,
Catarina

dulcehelenaguerreiro said...

Manchinha! Obrigada pelo comentário aqui, meu amor. Sei que estás bem "sinto em ti a alegria do rouxinol" (escreveu aquela menina ali em cima, a Yohanan, no blog dela, num texto intitulado "filha":)