Friday, January 02, 2009

Ontem, no primeiro dia do ano, fui a Sintra e estava a serra cerrada a sete nevoeiros. São Pedro de Sintra, São Pedro na Ribeira, São Pedro em Galamares, em Colares, em Almoçageme, na Praia das Maçãs. Sintra tem mais estações, nenhuma é seca.
«Diz-se que todo o estrangeiro poderá encontrar em Sintra um pedaço da sua pátria. Eu descobri aí a Dinamarca. Mas julguei reencontrar muitos pedaços queridos de outras belas terras...». Disse Christian Andersen.
Pois ontem, e porque Sintra transpira, encontrei a estepe de Tchekhov.

"Deslizam sobre as planícies largas sombras, como nuvens no céu, e, na inverosímil lonjura, se se olha muito tempo para elas, elevam-se imagens vaporosas e fantásticas que se acumulam umas sobre as outras...
Caminha-se uma hora, duas horas... Encontra-se um velho e misterioso túmulo, ou uma estátua de pedra posta ali, Deus sabe quando e por quem; uma ave nocturna voa silenciosamente por cima da terra e, pouco a pouco, as lendas das estepes, as narrativas daqueles que por ali passam, os contos das velhas amas oriundas das estepes e tudo aquilo que aprendemos por nós próprios e entesouramos na alma, nos vem à cabeça. E então o zumbir dos insectos, as figuras suspeitas e os túmulos, o azul do céu, o luar, o voo duma ave nocturna, tudo quanto se vê e ouve, começa a parecer-nos o triunfo da beleza"

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