Thursday, December 22, 2005

E no princípio era o verbo ...

"Enquanto os livros estão escritos em palavras de comprimento variável, utilizando vinte e seis letras, os genomas estão inteiramente escritos com palavras de três letras, utilizando apenas quatro letras: A, C, G e T ( que significam adenina, citosina, guanina e timina). E em vez de estarem escritos em páginas planas, estão escritos em longas cadeias de açucar e fosfato, chamadas moléculas de ADN, às quais as bases estão ligadas como escadas de mão laterais. Cada cromossoma é um par de moléculas ( muito) longas . Colocados de extremidade a extremidade e estendidos a direito, todos os cromossomas de uma única célula teriam um comprimento de cerca de 183 cm. Todos os cromossomas de todas as células de um corpo cobririam 160 mil milhões de quilómetros (...) A ideia do genoma como um livro não é, estritamente falando, sequer uma metáfora. É literalmente verdade. Um livro é um pedaço de informação digital, escrito de uma forma linear, unidimensional e unidireccional e definido por um código que transcreve um pequeno alfabeto de símbolos num grande léxico de significados através da ordem dos seus agrupamentos. Assim é o genoma."

Genoma. Matt Ridley, Gradiva


3 comments:

Lourenço Viana said...

Podemos então falar de estudos lterários corporais? Seria maravilhoso!

dulcehelenaguerreiro said...

Parece que sim. Julgo que grande parte dos biólogos evolucionistas converge para a ideia que o genoma humano é uma autobiografia para a nossa espécie, em que os acontecimentos mais importantes dos últimos 4 mil milhões de anos, ficaram registados. (desde os genes ancestrais, primeiros seres unicelulares).

AJB - martelo said...

aquilo que um simples mortal desconhece quando faz um filho...