Tenho andado doente, não gosto de estar doente. A boca sabe mal, o corpo assusta-se e treme.
Quando me doi a cabeça gosto de ler.
Então li.
Do Edgar Poe: O corvo e outros poemas, tradução de Fernando Pessoa.
Nas últimas páginas trazia uma análise à génese de um poema, feita e feito (a análise e o poema) pelo próprio Poe, à qual chamou - A filosofia da composição.
" (...) e visto que o interesse de uma tal análise ou construção, que considerei como um desideratum em literatura, é completamente independente de qualquer interesse real suposto na coisa analisada, não me acusarão de faltar às conveniências, se desvendar o modus operandi graças ao qual pude construir uma das minhas próprias obras (...) a minha intenção é demonstrar que nenhum ponto da composição pode ser atribuído ao acaso ou à intuição, e que a obra avançou, passo a passo, para a solução, com a precisão e a lógica rigorosa de um problema matemático (...)"
Já não me doi a cabeça.
Então escrevi.
Prova o mar. Que sabor doce e quente tem?
(são rabanadas? ou aletria?
sabe-te a prosa ou poesia?)
É sal atirado pela Terra mãe.
Sente. Estátua metrificada?
(mexes na tinta? pintas com preto?
nadas frases, flutuas sonetos?)
Mar é pai de toda a vida criada.
2 comments:
Obrigada César. É verdade que não sei nada de poesia ( contei as sílabas). Tenho aprendido muito aqui.
Pois,eu sei que a forma não aprisiona, por isso, deliberadamente, contei as sílabas.
O que quero dizer com não saber nada de poesia é que não li muita, não sei quais são os padrões com que se avalia, não sei as formas ou a sua evolução histórica.
( Claro que tudo isso não tem muita importância, serve só para justificar um juízo que, acredito eu, parte de coisas muito mais simples e imediatas)
Boa noite César, obrigada pelos comentários.
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