Thursday, February 16, 2006

Na sexta-feira passada, às três da tarde, uma equipa de cirurgiões do Hospital de Oncologia serrou as costelas do meu pai.
Não é uma imagem metafórica, se fosse escreveria qualquer disparate como - Ontem levei o piano para cima da bancada de mármore. Disseram-me que o deitasse, só assim ficaria vivo. E com uma grosa limaram as cordas .
Cortaram-lhe o lóbulo superior esquerdo do pulmão.
Anteontem teve um enfarte do miocárdio, e os visionários médicos verificaram que a expectoração que se acumulou no três quartos de pulmão originou uma pneumonia.
Está nos cuidados intensivos, sedado e estável. Não é uma alegoria, é mesmo a vida do meu pai.
A vida do meu pai está presa, não por um fio, mas por vinte tubos de diâmetros diferentes.

( Desculpem o amargo, é evidente que a literatura não tem culpa, talvez nem mesmo os médicos;... é a vida )

2 comments:

AJB - martelo said...

todos passamos por isso ou já passámos...
amargos...

dulcehelenaguerreiro said...

O meu pai está melhor. Claro que nestas situações, melhor é pouco, mas já não tem febre (o que em princípio significa que a pneumonia está controlada) e a tensão mantém-se normal.

Estava aterrorizada, não conhecia estes amargos assim tão perto.